2011-02-04

Sorria, você está no Butão

País mais isolado do mundo, aonde a televisão só chegou em 1999, vira a lógica de ponta-cabeça: rasga dinheiro em nome do bem-estar social e institui um novo elemento na economia, a Felicidade Interna Bruta

Você decide: prefere ser chefe de multinacional, com uma conta bancária que não sai dos 6 dígitos e vários carros na garagem, ou... ser feliz? Bom, perguntar isso para alguém é ingênuo. Um sujeito pode muito bem viver de sorriso estampado na cara sem nunca ter saído do cheque especial. Já se você faz uma pergunta equivalente não a uma pessoa, mas a um país, a história é outra. Do ponto de vista de uma nação – ou seja, do de quem administra uma – a idéia de que a felicidade vem antes da riqueza simplesmente não faz sentido. Quer dizer: não fazia.

Existe, sim, um lugar onde a idéia da busca pela "alegria do povo" é uma prioridade maior do que o crescimento econômico. Uma prioridade oficial, diga-se. Esse lugar é um país quase anônimo, pouco maior que o estado do Rio de Janeiro, aninhado nas montanhas do Himalaia. Bem- vindo ao reino do Butão.

Foi lá que, em 1972, um reizinho de 17 anos que acabava de assumir o trono cravou: "Ei, o Produto Interno Bruto não é mais importante que a ‘felicidade interna bruta’". Era Sua Majestade Jigme Singye Wangchuck, que, apesar de adolescente, não estava para brincadeira e pôs seus assessores para bolar uma política inédita no mundo, uma economia de cabeça pra baixo.

Ou muito pelo contrário: "O Butão devolve ao chão os pés da lógica ponta-cabeça do desenvolvimento", diz o economista alemão Johannes Hirata, da Universidade de Gallen, na Suíça, estudioso do papel da felicidade em políticas públicas. De trocadilho hippie, "felicidade interna bruta" virou um parâmetro de verdade, com direito a sigla (FIB) e tudo. "A filosofia da FIB é a convicção de que o objetivo da vida não pode ser limitado a produção e consumo seguidos de mais produção e mais consumo, de que as necessidades humanas são mais do que materiais", diz Thakur S. Powdyel, diretor do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Educacional da Universidade Real do Butão.

Para suprir essas "necessidades não materiais", o conceito da FIB prega 4 diretrizes: desenvolvimento econômico sustentável, preservação da cultura, conservação do meio ambiente e "boa governança". Não é nada diferente das coisas que você ouve nos horários políticos da vida, certo? Sim, mas no Butão o buraco é mais embaixo. Para o bem e para o mal.
Texto Raquel Cozer

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Um comentário:

  1. Muito bom seu post sobre BBB....

    Mudando de assunto...
    Respondeeee euuuuuu
    la no facebook...
    Abre a sua caixa de mensagenssss
    Por favorrrrrrrrrr
    Bjs em todos ai!

    ResponderExcluir