2010-09-30

O Video Tape é burro!

A prática é conhecida na política brasileira: o sujeito tem uma pinimba na justiça, geralmente coisa de monta, do tamanho de sua empáfia e malandragem. Para fugir das garras da lei, o esperto – por ser peixe graúdo – resolve arriscar alto. Sai candidato por algum partido – qualquer um – e, uma vez eleito, tem todos os processos contra si postergados ad eternum. Passa a gozar de foro privilegiado na justiça já naturalmente lenta e modorrenta, e a contar com potente instrumento de chantagem contra o executivo – seu mandato e seu voto no parlamento. De simples mortal, o bacana muda para uma casta superior, onde nem os braços da justiça o alcançam, nem o julgamento moral o enxerga. Tal prática deságua na formação de uma gangue organizada e macilenta no Congresso, que faz de tudo não só para se safar de seus próprios problemas, como para ganhar fatias de poder que lhes dão a imunidade de super-heróis.

Onde deveria ser a casa que cuida das leis, temos políticos que cuidam para que as leis não os incomodem e, se possível, ajudem a seus amigos e patrocinadores. Os parlamentares poderiam dizer em sua defesa que a justiça é inclemente, não importa a instância do julgamento. Os fatos desmentem: o Supremo até outro dia jamais tinha condenado um político.

Quando finalmente o Congresso aprovou a Lei Ficha Limpa muita gente ficou com a impressão de que esta safadeza tinha finalmente chegado ao fim. Ledo engano, como pudemos descobrir recentemente após julgamento inconclusivo no STF. O que parecia resolvido eis que continua sem solução. Em resumo, limpar a política dos malandros e safardanas voltou a ser incumbência única do eleitor.

Isso me faz lembrar do escritor e jornalista Nelson Rodrigues quando surgiu o Video Tape. Nelson, apaixonado torcedor do Fluminense, participava de mesas-redondas na televisão sobre futebol, sempre manifestando sua paixão tricolor. Numa dessas discussões, quando o VT era a grande novidade, Nelson – que, aliás, tinha péssima visão – questionava um pênalti marcado contra seu Fluminense. Diante da repetição do lance, que deixava clara a penalidade, seus colegas de mesa insistiam para que ele reconsiderasse. E Nelson, teimoso, respondeu: - O Video Tape é burro!

Diante de tantas imagens demonstrando o caráter inequívoco dos políticos que temos, só dá para concluir, ao contrário de Nelson Rodrigues, que ao invés do Video Tape, nós - os eleitores - é que nos tornamos burros.


(Alexandre Pelegi)

2010-09-14

Politicagem

Incrível como eu não consigo mais ver nenhum tipo de canal aberto nas últimas semanas. Até a rádio, meu refugio do mundo está ficando cada dia mais insuportável. De cada 5 propagandas, 4 são políticas. Isso chega a ser uma invasão de privacidade, e sempre a mesma ladainha, uns atacando os outros. Eles todos são cheios de apontar o defeito alheio e esquecem do principal: sua proposta, o motivo pelo qual realmente as pessoas deviam votar neles e não por falta de opção. Obviamente que acredito que existem pessoas boas, que realmente querem fazer a diferença, mas é preciso de muito cuidado para saber reconhecê-los. Na verdade não me choca muito o cara roubar, mas tem que fazer alguma coisa ! Estamos aqui a procura de algo diferente.